Polícia Militar, a Geni da imprensa
Existem fatos da vida que são de conhecimento geral, mas pouco se sabe a respeito de suas causas. Um desses fatos é o linchamento moral contumaz da imprensa brasileira às forças de segurança e, muito especialmente, à Polícia Militar, qualquer que seja o estado da federação.
Essa reverberação provocada pelos veículos de comunicação se espalha por grupos de pressão, coletivos, ONGs e toda a sorte de profissionais de manifestação. Então se proliferam os fóruns, simpósios e demais eventos, sempre pedindo a desmilitarização das polícias, “o fim da violência contra jovens negros e pobres das periferias”, quando não o fim da própria PM.
Fiquemos aqui pela vizinhança.
Na semana que passou, o massacre da Globo foi implacável.
Dia 10 de outubro
O SP TV 1ª edição publicou reportagem sobre uma ocorrência da ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar). Dois marginais fugiram, atiraram contra os policiais e acabaram mortos.
Nas palavras de Cesar Tralli, expressões recorrentes como “suspeitos”, “de acordo com a PM”, “nenhum policial ficou ferido”. Tudo sempre temperado com aquele tom de desconfiança e suspeição dos procedimentos adotados.
Lá para as tantas, ele cita um estudo feito pelo Instituto Sou da Paz sobre mortes “provocadas” por policiais: “a cada três mortes violentas na capital, uma foi provocada pelas Polícias Civil ou Militar”.
Pois é. Eles tinham um fato jornalístico, algo de interesse público a divulgar. Aproveitaram, fizeram um link com casos mais antigos, emendaram com essa estatística bizarra (segundo a qual, quem provoca as mortes são as polícias, não os bandidos que as enfrentam) e deram sua demonizada de cada dia no aparelho policial.
Dia 9 de outubro
O programa Profissão Repórter, do jornalista militante Caco Barcellos, abordou o tema “violência nas operações da PM nas comunidades do Rio de Janeiro”.
Foi um catado de clichês dos mais baratos e repetidos há décadas. Trabalhadores, crianças, atletas, todos são vítimas perfeitas para a truculência assassina da PM carioca.
Ao terminarmos de assistir a esse manifesto antiPM, chegamos à conclusão de que os policiais militares cariocas acordam todos os dias, vão para os quartéis, pegam seus fuzis, embarcam nas viaturas e saem pelos morros matando inocentes.
Nesse cenário de faz de conta da Globo, não existem criminosos fortemente armados encastelados nas favelas cariocas, usando a população como escudo e como testemunha contra toda e qualquer ação policial, não existem policiais honestos, feridos, mortos. Não! Só existem assassinos fardados.
Caco Barcellos é o mesmo do Rota 66 (livro contra a tropa de elite paulista) e de infinitas reportagens contra militares, incluindo episódios como o que desanca o modelo de escola cívico-militar em Manaus, mesmo tendo transformado o desempenho daqueles jovens e resolvido o problema da falta de segurança que reinava naquela unidade de ensino.
Em 2013, durante protestos do grupo Passe Livre no Largo da Batata (SP), o jornalista foi salvo pela PM paulista, essa mesma que ele ataca com frequência.
Em 2016, foi salvo pela PM carioca (ora, ora…) de um grupo de manifestantes em frente à ALERJ. Foi uma chuva de cones de trânsito e garrafas, mas os soldados o protegeram.
Ah, se não fôssemos profissionais…
Dia 7 de outubro
O programa Hora 1, que vai ao ar todos os dias enquanto o galo canta, não se poupou de nos malhar também, dessa vez com o apoio de policiais militares que vivem de criticar outros policiais.
Foi exibida uma perseguição realizada pela ROCAM (patrulhamento com motocicletas) nas ruas dos Jardins, área nobre da capital paulista.
O criminoso, armado, que empreendera fuga, foi perseguido pelos policiais até que, depois de percorrer grande distância, acabou caindo e sendo preso.
E então os “especialistas” desfiaram seu corolário de reprimendas aos patrulheiros: “havia um risco muito grande em todo o percurso; pessoas atravessando; contramão; contrariando normas básicas de segurança; o PM se descontrola; não é uma ação adequada; existe padrão de abordagem e de perseguição, e não é esse…”.
E aí repito a frase do “especialista”, perguntando: havia um risco muito grande em todo o percurso?!
E existe ação policial de perseguição, de confronto, de prisão que não tenha riscos para os policiais, para os bandidos, e até para terceiros?!
Eu gostaria de saber em que mundo esses “especialistas” aplicaram esses ensinamentos técnicos que vomitam todos os dias.
Qual é o procedimento correto então? Se o bandido fugir e entrar na contramão, encerra-se a perseguição e ele vai embora, porque vai contra as normas de trânsito seguir em seu encalço? Se ele atirar, a polícia não atira, porque põe em risco a sociedade?
É melhor fechar logo os quartéis e as delegacias e entregar as chaves aos bandidos.
Esses “especialistas” me lembram alguns instrutores que infelizmente já tive. Eles davam aula de policiamento com o antigo M 14-PM (Manual de Policiamento) embaixo do braço. Nas instruções sobre abordagem, posicionavam os veículos milimetricamente e nos avaliavam em cada procedimento. Para as provas, até que funcionava, mas infelizmente os marginais não assistem às aulas e, nas ruas, no mundo real, não param seus veículos onde deveriam. Então o que fazemos?
Os procedimentos operacionais são um referencial. Eles existem para serem ensinados e colocados em prática, sempre que possível.
Existe uma máxima que diz: quem sabe faz, quem não sabe ensina.
Bem, no caso dos jornalistas, demonizar a PM faz parte do seu currículo esquerdista de formação. Com honrosas exceções, é o padrão geral.
No caso desses e outros “especialistas” oriundos da nossa instituição, parece-me muito mais conveniência, obediência aos novos patrões do que crença no que eles próprios dizem.