Um país desenvolvido jamais se esquece dos seus heróis ou deixa de homenagear pessoas que acabam por tornarem-se eternas devido aos seus atos, trabalho, vida ou opiniões. São seres humanos que inspiram outros seres humanos e, também, pilares de referência de valores e do que norteia aquela sociedade que os recorda e aplaude.
Um conjunto de erros, comportamentos inadequados e uma tragédia foram pauta das notícias na semana passada. Um homem com extensa ficha criminal, com vasto histórico de comportamentos violentos, ao causar problemas e fazer o que lhe é, aparentemente, rotineiro (arrumar confusão) foi colocado para fora de um estabelecimento comercial por seguranças. Na saída, aproveitou para agredir um desses mesmos seguranças de forma violenta e totalmente desnecessária. Foi contido e agredido por pessoas que não possuem a mínima capacitação técnica e emocional para atuarem nessa área, o que resultou na trágica morte dele.
Essa tragédia foi logo usada por diversas pessoas que alegaram, sob a incoerente e totalmente inverídica retórica, como exemplo de crime de motivação racial. Ocorreu um crime, pois uma vida foi estupidamente ceifada, isto deve ser apurado e, os autores, devem ser julgados e punidos. A vítima não foi morta por causa da cor de sua pele. Foi morta por pessoas que não possuem qualificação qualquer para o cargo de segurança, mas que a retiraram do estabelecimento pelo comportamento da vítima (que também deu um violento soco em um de seus algozes, o que motivou a agressão desmedida posterior).
Imediatamente a retórica racial veio. Aproveitadores, por sua linha ideológica, resolveram insuflar protestos, que na verdade foram atos de vandalismo e outros crimes. A imagem de uma funcionária, apagando um princípio de incêndio, também ficou famosa. De uma hora para outra, a vítima, cuja vida não era um primor de conduta, tornou-se um símbolo de luta contra o racismo.
É estranho quando uma jovem pobre, negra, homossexual, nascida e criada em uma comunidade de periferia, foi também assassinada e não tenha sido lembrada antes. Seria a pauta perfeita para a retórica desse tipo de grupo de vândalos e aproveitadores. Mas essa jovem era uma Policial Militar, arrebatada, torturada e assassinada em uma comunidade de São Paulo. Então não serviu para eles. Da mesma forma, vários outros seres humanos, não somente vítimas, mas pessoas cujas vidas ou ações são dignas, antes esquecidas, felizmente agora não são mais.
Temos vários brasileiros, referência no que há de melhor para inspirar-nos. Combatendo o nazismo e o fascismo (de verdade, não falando do que não sabe em rede social) Marcilio Luiz Pinto foi um Cabo que recebeu a medalha Silver Star (Estrela de Prata), por ação distinta, quando integrava a Força Expedicionária Brasileira.
Herói, com incrível coragem! Mas pouquíssimos conheciam esse exemplo de abnegação e luta antes da Fundação Cultural Palmares (e seu atual presidente, Sr. Sérgio Camargo) mencionar. Esse “pracinha” ocupa merecidamente o “hall” das pessoas que nos inspiram e hoje seu nome se encontra honrosamente citado na Fundação. João do Pulo! Excepcional atleta que tanto nos trouxe orgulho! Quantos de nós não ficávamos boquiabertos com seu desempenho, humildade e esforço. Também, quantas vezes rimos da irreverência do grande Antônio Carlos Bernardes Gomes e seu personagem Mussum, artista que deixou saudades, como também deixou nossos dias (ou noites) mais felizes. Todos seres humanos fantásticos!
A ideologia arraigada em parte da sociedade, em alguns grupos (principalmente do tipo que ateou fogo e depredou o estabelecimento comercial semana passada, “protestando” contra o racismo) também é a mesma que considerava “referência” homenagear terroristas, assassinos e criminosos. Podem ser qualquer coisa, menos heróis. Ao menos, para uma maioria, não.
Crimes e seus autores devem ser julgados e punidos perante a lei. Mas não pode ocorrer distorção a respeito da conduta de pessoas, motivação e, menos ainda o uso de uma mentira para justificar depredação e outros crimes.
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