Muitos já ouviram falar sobre a “Caixa de Pandora”. É muito interessante, às vezes, ler sobre mitologia.
Bom, na verdade não deveria ser exatamente uma caixa, mas talvez uma ânfora. E Pandora recebeu uma. A própria Pandora, “nasceu” como uma estátua, que depois recebeu o sopro da vida. O significado desse nome seria algo como “a que possui todos os dons”, “a que possui virtudes”, entre outras traduções. Ela foi enviada para ser a esposa de um dos titãs, chamado Epimeteu. E era um castigo dos deuses tão como a caixa (ou ânfora) era como se fosse um presente de casamento.
A caixa foi aberta e os humanos receberam os vários males que estavam lá guardados: doenças, guerras, discórdia, ganância etc. Os males foram liberados, mas na “caixa” ficou a esperança. A tradução, porém, de esperança no caso, seria no sentido de expectativa. Ela pode ter um significado bom, mas também, para alguns, ruim.
Depositamos nossas expectativas, nossa esperança, às vezes em outras pessoas. Tanto em relação à amizade, família, emprego e, porque não, na política.
Cada vez que votamos, portanto, colocamos nossa expectativa em uma pessoa. Esperamos que as idéias dela, postura, discurso, trabalho, capacidade, entre vários outros pontos, sejam exatamente o que desejamos para que a área pública possa atender a quem deve: ao cidadão.
Ao elegermos um representante para o Poder Executivo ou Legislativo, em qualquer uma de suas esferas, temos a expectativa que a pessoa eleita faça sua parte e cumpra exatamente o que prometeu, quando se prontificou para o cargo. Cargo que somente foi alcançado graças ao voto do eleitor (que tinha expectativa, portanto, nos atos da pessoa que escolheu).
Se a palavra expectativa pode estar em um contexto ruim, temos um exemplo prático: João Agripino Doria. Mestre do marketing se utilizou desta “arte” para atrair os holofotes para si, como se fosse uma nova opção. Alguém que efetivamente pudesse compor com o Presidente da República (inclusive utilizando o nome dele em campanha) em prol à população. A esperança que a praga dos antigos “tucanos” não mais infestaria o Estado de São Paulo. Alguém com atitudes novas, que não repetiria velhas receitas (muitas delas conhecidas de longa data, como o constante aumento de pedágios, parcerias públicas privadas duvidosas, fora as outras que foram inclusive citadas no livro Privataria Tucana). Ficou a expectativa que teríamos um remédio que seria a cura para as doenças que anteriormente existiam, materializadas na conduta de homens.
Ledo engano.
A expectativa se transformou em frustração em um lapso ínfimo de tempo.
Não somente é igual à doença que infesta o poder publico paulista nas últimas décadas. É pior. Se acerca de pessoas da mesma índole. No caso outros doentes morais. Doentes de caráter. O mesmo PSDB e seus apoiadores.
Nenhum ser humano, em sã consciência, diminuiria a verba destinada às Santas Casas e, aumentaria na mesma época, a utilizada em propaganda própria. Reza a cartilha dos hipócritas que os diversos aumentos de impostos possui como finalidade o “equilíbrio das contas públicas” por causa da pandemia. Discurso leviano. Se falta dinheiro, então que corte a propaganda.
Por sinal, em grego, uma das traduções de “hipócrita” seria ator. Aquele que finge.
As manifestações que estão ocorrendo em São Paulo são decorrentes desse fingimento. Da hipocrisia. Da doença moral que é como uma pandemia e infesta o Poder Executivo. Cidadão pagando a conta da incompetência alheia, perdendo o emprego, aumento de impostos, para que os hipócritas aumentem a propaganda. Atribuindo para si, no Palácio dos Bandeirantes, o que não fazem. Sob o aplauso de uma platéia restrita (a mídia, tão afagada e paga por João Agripino Doria). Realmente é um teatro e a peça é uma tragédia.
Mas se existem esses hipócritas, também existem que os apóia. Muitos estão na Assembléia Legislativa. E esses muitos são os que compõem o séquito do ator que finge ser governador.
Façamos uma coisa diferente do que ser meros expectadores deste teatro. Sejamos protagonistas! Sejamos aqueles que cobram atitudes ao invés de encenações!
Se já existem peças de impeachment do governador na ALESP, que tal cada eleitor assumir o protagonismo de efetivamente COBRAR a pessoa que elegeu? Que tal jamais esquecer quem apóia esses absurdos (e, portanto, é moralmente igual ao governador)?
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