Um candidato à Prefeitura de São Paulo e um candidato a vereador, nesta semana, em rede social, falaram de uma meta, se eleitos: tornar a Guarda Civil Metropolitana (a Guarda Municipal do Município de São Paulo, instituição extremamente profissional e compromissada, sendo que nutro grande respeito a ela e a seus integrantes) melhor remunerada que a Polícia Militar do Estado de São Paulo. A GCM merece grande valorização.
Mas não é nem um pouco difícil os candidatos cumprirem com o prometido. Não somente melhor remunerar a Guarda em relação à Polícia Militar como o funcionário municipal em relação a qualquer um do Estado (SP).
Por sinal, diversos dos “nossos” antigos integrantes da Polícia Militar já autuaram dando formidáveis idéias (para o governo do PSDB) de como manter os salários dos policiais militares eternamente baixos. Inclusive hoje são o braço direito da segurança pública do atual governo. Em relação aos veteranos e viúvas de policiais, nem se comente.
Para os “nossos” e o governo são simplesmente nada. O “nosso eterno” hoje não foi esquecido por vender a Polícia Militar ao PSDB “valorizando” PMs fazendo-os trabalhar nas folgas: está no governo.
Uma coisa chama a atenção também no Estado de São Paulo: a saúde. Os rios de dinheiro gastos com Organizações Sociais de Saúde. Por sinal há pouco tempo foi preso um presidente de uma OSS. Tentou ser vereador por três vezes no interior (pelo PSDB, claro).
Possui nível médio. Nenhuma qualificação especial. Mas “sua” OSS possui (ou possuía) trinta e cinco contratos e convênios no Estado de São Paulo. Ele era um dos mais de sessenta investigados em uma operação, por ser suspeito de integrar uma “suposta organização criminosa especializada no desvio de dinheiro público da área da Saúde”.
Faltam médicos em quase todos os hospitais. Para quem não sabe, o salário de um médico que trabalha para o Estado, em São Paulo, é um dos mais baixos do Brasil. É um profissional que investiu muito (mas muito mesmo) tempo e dinheiro em sua formação. Uma faculdade de medicina é cara, longa e exige empenho integral.
O médico necessita continuar a se atualizar sempre. Assume muitas responsabilidades e, de seus atos, dependem vidas. Mas aparentemente o governo do PSDB ao invés de contratar mais médicos, remunerando-os bem, prefere enviar dinheiro para OSS.
Não que, não existam, as que trabalhem bem e de forma séria. Existem. Mas os ralos da corrupção do governo são incríveis (vide o presidente da OSS preso). O artigo 39 da Constituição Federal diz, em seu § 1º: “A fixação dos padrões de vencimento… observará: I – a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira / II – os requisitos para a investidura / III – as peculiaridades dos cargos.” Como pode, então, pagar-se pouco para um médico? Pela responsabilidade do trabalho, altos custos que arcou para concluir a faculdade, tempo para formação e pelas condições em que atuará?
Não seria mais racional pagar-se melhor para que bons médicos fossem atraídos para o serviço público e nele permanecessem? Que ao invés de terceirizar serviços, os médicos e enfermeiros fossem funcionários públicos com remuneração digna? Não ajudaria a acabar com a farra dos desvios de verba pública? Possivelmente sim. Mas talvez o governo do Estado de São Paulo, há décadas, pense diferente.
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