Da Avenida 23 de Maio vemos o Obelisco (Mausoléu) aos Heróis de 32.
Não sem motivo, esta avenida movimentada da capital paulista recebeu este nome em referência ao dia em que foram mortos os estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, 23 de maio de 1932. Por sinal, no Obelisco, além destes jovens que tão cedo partiram, encontram-se descansando mais de 700 outros ex-combatentes (há, um total de 800 urnas funerárias e capelas). No interior do Obelisco, em forma de cruz, “são encontrados painéis feitos com pastilhas de mosaico veneziano que representam o nascimento, o sacrifício e a ressurreição de Jesus”. Sim, este lindo monumento que tanto se destaca na capital paulista, também é um local de repouso eterno para centenas de pessoas que viveram um ideal.
Existem vários outros logradouros no Estado de São Paulo para lembrarmos desta data e, mais importante do que o mero “calendário” ou o feriado, o MOTIVO de reverência ao dia e ao sacrifício feito.
O Brasil vivia um período que durou de 1930 à 1945: A Era Vargas, quando Getúlio Vargas governou por 15 anos.
São Paulo buscava várias reivindicações que, posteriormente à Revolução Constitucionalista de 32, foram conseguidas, como a convocação de uma Assembléia Constituinte e a promulgação de uma nova Constituição, em 1934. Houve, na prática, a máxima “perdemos a batalha mas houve vitória na guerra”. Se no campo militar houve um derrota, o objetivo foi alcançado no final. Não sem custos, não sem o preço pago em sangue e vidas.
Oficialmente, foram 934 mortos (outras estimativas fazem chegar este número de baixas a até 2.200). Cidadãos paulistas pagaram um preço alto, havendo ações e danos em várias cidades do interior.
Assim, o dia 9 de julho é a data mais importante do Estado de São Paulo e os paulistas com toda razão consideram a Revolução Constitucionalista como sendo o maior movimento cívico de sua história.
Não é somente um feriado. È um dia de reflexão. Um dia de culto!
A data 9 de Julho evoca ao não conformismo, à luta por uma Constituição, em nunca se abandonar a trincheira por um ideal!
O grande poeta campineiro Guilherme de Almeida, com sua alma, eternizou na Oração Ante a Última Trincheira:
“…É o silêncio que faz a última chamada
É o silêncio que responde:
— ‘Presente!’
Depois será a grande asa tutelar de São Paulo,
asa que é dia, e noite, e sangue, e estrela, e mapa
descendo petrificada sobre um sono que é vigília.
… Esta é a trincheira que não se rendeu:
a que atenta nos vigia,
a que invicta nos defende,
a que eterna nos glorifica!
…sem nada senão São Paulo,velai por nós!
…Soldados santos de 32, sem armas em vossos ombros, velai por nós!”.
O Palácio 9 de Julho (nome do edifício da Assembléia Legislativa de São Paulo), fica próximo ao Obelisco. A Casa Legislativa Paulista. Um Palácio cujo próprio nome evoca ideal, sacrifício, glória, sangue. Mas…esse nome, o do Palácio 9 de Julho, realmente abriga pessoas que lutam por ideais?
A Casa Legislativa Paulista, com um nome tão forte, realmente não se curva, como os paulistas nas trincheiras de 1932, contra desmandos, contra uma “ditadura” de outro Poder, como a do Executivo Paulista?
Os deputados eleitos que, neste Palácio, tão próximos e tendo vistas ao Obelisco (que também é um Mausoléu), onde repousa o MMDC, honram quem está lá eternamente descansando e seus ideais?
Há no Obelisco uma criança, UM ESCOTEIRO. Aldo Chioratto, morto (a um mês de completar 10 anos de idade) pelas forças federais e está sepultado junto a outros combatentes da Revolução. Pereceu em um ataque aéreo, com 13 estilhaços de bomba, enquanto entregava correspondências ao comando revolucionário de Campinas, na estação ferroviária. “Inocência, coragem e civismo aqui repousam” é o que está escrito em sua urna. Seu berço de eterno repouso. Os parlamentares eleitos possuem a coragem e civismo desta criança? Os que servem ao Governo (quando deveriam servir ao Estado e, principalmente, ao cidadão paulista), possuem a DIGNIDADE de Aldo Chioratto?
Não! Não representam em sua imensa maioria!
Curvam-se (mas não como Aldo Chioratto e centenas de outros que deram suas vidas, pela dor do ferimento recebido, durante a luta por um ideal). Curvam-se não pelo cansaço físico de um sacrifício.
Somente curvam-se (como alguns outros “funcionários públicos”) como reverência, por interesse, a indignos de ocuparem um cargo. Indignos de serem chamados de paulistas.
Os que servem ao governo do Estado de São Paulo, por comodidade, carreira, similaridade de caráter, possuem os ideais dos soldados de 32? NÃO!
“Soldados santos de 32”, inspirem tantos outros, para que tenham ideais como os seus.
Que nunca se curvem.
Que nunca abandonem a trincheira.
Que tenham como carreira e interesses os valores que sejam iguais aos dos paulistas em armas do passado: a alegria do sacrifício e do trabalho por um ideal.
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