Tão transparente como nadar em um mar de lama
A desinformação é feita por intermédio de técnicas, comunicação e possui, entre outros objetivos, a finalidade de dar uma falsa imagem da realidade. Não é feita por amadores, quando justamente alguém que ocupa cargos como, por exemplo, o de chefe do Poder Executivo Estadual, depende mais da propaganda (e às vezes, infelizmente, desinformação) do que propriamente de atos efetivos para a população.
Mas, como sabemos se os atos são realmente efetivos, honestos, feitos para servir a população e não em benefício de algum grupo específico ou somente para a imagem de um político? Aquilo que é divulgado, realmente é verdadeiro?
Simples: pela transparência!
Se fazemos uso de um serviço e ele nos agrada, tão como após pesquisar sobre ele temos a certeza que foi feito de forma lícita, é eficiente, o uso do erário público (se for o caso) foi feito adequadamente, então tudo bem.
Mas justamente aí nos deparamos com um problema em terras paulistas, a tal transparência. Ou falta dela.
Por curiosidade, tanto eu como meus assessores, vimos uma propaganda sobre um novo hospital de campanha. Se é um alento, por um lado, vermos meios que são disponibilizados para a população, por outro, lembramos que a propaganda foi feita em coletiva de imprensa em São Paulo por um político interessado na própria imagem (exclusivamente), que vivemos em um Estado onde há total desrespeito ao cidadão e ao erário público e, quem anunciou, no mínimo, não tem um histórico de credibilidade.
Assim, passamos a pesquisar. E como é difícil, muito difícil, achar qualquer coisa a respeito do que foi anunciado em um único lugar.
O chefe do Poder Executivo falou uma coisa (e a grande mídia reproduziu). Com certeza a maioria da população pararia por ai e não pesquisaria mais. Mas prosseguimos. Ao olharmos o site da transparência, verificamos não ser possível ter acesso aos termos do convênio. Não havia link. Continuamos a pesquisar. Olhamos o site da organização que cuidaria da administração do hospital e constatamos outra coisa. Olhamos o Diário Oficial: estava descrito algo diferente do que havia sido anunciado. Um número menor de leitos. A propaganda e o prometido já não correspondia à realidade. Não correspondia à verdade.
Procuramos o telefone do hospital. Resultado: nada. Nem ao contatarmos a organização responsável pela administração, souberam me informar o telefone de lá. “Não foi implementado ainda”, disseram.
Bom, restou então sair da mesa e ir até lá. Só para ver se a propaganda era realmente verdadeira. Afinal, a transparência em Estados como São Paulo é exatamente a mesma que nadar em uma piscina de lama, mergulhar, tentar abrir os olhos e enxergar alguma coisa.
Milhões já foram e ainda serão gastos. Foram anunciados 180 leitos. Na verdade seriam 60, sendo 20 de UTI para quem está na luta para vencer o Covid 19. Na prática, hoje, no local, nada, absolutamente nada disso foi o que vimos.
A propaganda feita em grande estilo, com toda a mídia cobrindo a coletiva! Nada daquilo era verdade. Não há leito de UTI disponível ainda. Eu pisei lá e vi com meus olhos. Os outros leitos? Para resumir, naquela imensa construção e dos milhões anunciados, só haviam 4 pacientes internados na enfermaria. Aquele prédio imenso, com propaganda enorme, onde muito dinheiro foi gasto (e ainda vai ser), no centro de São Paulo e… 4 pacientes. Em um Estado que sofre e aglomera inúmeros adoecidos.
Como seria possível constatar isso, sem ir lá, pesquisar antes em várias fontes e sem usar outras pessoas procurando informações? Somente NÃO SERIA possível. Não há transparência. Absolutamente nenhuma.
São Paulo é um Estado com total desrespeito ao cidadão. Ao cidadão que confiou seu voto e esperava que o chefe máximo do poder executivo estadual que foi alçado ao cargo estaria fazendo algo, conforme é divulgado. Mas a divulgação é mera propaganda enganosa. A velha arma da era soviética, a DESINFORMAÇÃO.
Transparente…como nadar em um mar de lama.