3 coisas que qualquer profissional de fake news deveria saber
1994
Delegado determina a prisão de proprietários e funcionários do instituto de educação infantil Escola Base, no bairro da Aclimação, São Paulo. Essas pessoas “praticavam abuso sexual com as crianças no interior da escola”.
2014
Mulher que “praticava atos de magia negra com crianças” é detida por moradores do bairro Morrinhos, no Guarujá, SP.
2018
Vereadora morta a tiros no Rio de Janeiro “teve sua campanha financiada por traficantes, foi mulher de Marcinho VP e transitava entre facções rivais”.
O que há em comum entre os três enunciados?
Todos surgiram a partir de boatos; todos ganharam repercussão em alguma mídia; todos geraram consequências nefastas; todos eram falsos.
No primeiro, conhecido como caso Escola Base, divisor de águas no que se refere à ética no jornalismo, tudo começa com a denúncia pelos pais de uma criança. Segundo a acusação, estariam sendo praticados abusos sexuais pelos proprietários da escola e por alguns funcionários. A irresponsabilidade na condução da investigação e o sensacionalismo por parte da imprensa foram a combinação explosiva que levou a depredações do imóvel, falência dos proprietários, ameaças de morte e linchamento moral dos envolvidos. Alguns já estão mortos e, sequer, foram indenizados.
O segundo evento, ocorrido no Guarujá, foi uma das maiores selvagerias já registradas. Após boatos feitos numa rede social, uma mulher foi capturada por moradores e sentenciada ali mesmo. Após tomar o Estado em suas mãos, sob os gritos de “lincha! assassina!”, a turba espancou a vítima até desfalecer. Dessa vez, o linchamento não foi só moral. Mesmo socorrida, dias após, morreu. Era inocente.
No terceiro caso, ocorrido há dias, pudemos constatar o que a guerra ideológica é capaz de produzir. A vereadora, assassinada havia pouco, passou a ser caluniada. Conforme já noticiado, as imputações não se sustentam.
São exemplos de como a desinformação e a irresponsabilidade podem provocar resultados terríveis, seja a morte de uma reputação ou até mesmo a morte propriamente dita.
As fake News (nome bonito para algo tão feio como fofoca, mentira, mexerico) insistem em aparecer. A melhor forma de combatê-las é usando o bom senso na produção de conteúdos, na checagem das informações e, principalmente, no compartilhamento de postagens.
Se a fonte não for confiável, ignore o que estiver sendo veiculado.
Enfim: as notícias são falsas; as consequências, verdadeiras, e catastróficas.
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